terça-feira, fevereiro 07, 2023

Máximas Arcaicas




Misture-se a outros.
Derreta seus olhos com lágrimas.

Tudo é sagrado e demanda uma relação específica.

Nunca urine voltado para o sol, para a lua só se ela quiser.
Nunca atravesse um rio sem pedir sua licença.

Tudo flui muito, menos as ideias, que fluem menos ou nem.
Seja hospitaleiro e dê presentes de hospitalidade.

O amor é o mesmo para todos,
principio que junta as coisas por afinidade
mas que ao juntar,
separa.

O ódio é o mesmo para todos,
principio que separa as coisas por rejeição
e que ao separar,
junta.

o um é tudo
e o tudo é um

Tudo tem parte de tudo,
e cada parte é tudo em sua parte.

pensamos em partes porque somos partes.
e cada um recebe sua parte do indeterminado
para determinar.

dizer o que é?
(é) impossível
dizer o que não é?
im possível

o princípio é o caos pois nele há toda a possibilidade
o princípio é o fogo, pois nele se expressa a mudança
o principio é a água, pois nela a vida é molhada
o princípio é a terra, pois ela é mãe
o princípio é o ar pois nele a matéria se anima
o principio é o éter pois nele há espaço.

existem belezas escondidas,
que são belas porque se escondem,
e existem belezas evidentes
que são evidentes porque são belas.


o indeterminado é um contínuo
e o contínuo é um indeterminado.





quarta-feira, abril 12, 2017

Par



Tua natureza o indeterminado
Contemplo e assim habito
no infinito
Do descontínuo faço parada

Na demora escapo
do implacável
limite ímpar
que me determina

Triste condição
bruta em fins
Fechado em si mesmo
Indivisível e portanto
Fadado



quarta-feira, junho 22, 2016

Continuidad de Los Parques - Julio Cortázar - Tradução

     CONTINUIDAD DE LOS PARQUES JULIO CORTÁZAR 

    Había empezado a leer la novela unos días antes. La abandonó por negocios urgentes, volvió a abrirla cuando regresaba en tren a la finca; se dejaba interesar lentamente por la trama, por el dibujo de los personajes. Esa tarde, después de escribir una carta a su apoderado y discutir con el mayordomo una cuestión de aparcerías, volvió al libro en la tranquilidad del estudio que miraba hacia el parque de los robles. Arrellanado en su sillón favorito, de espaldas a la puerta que lo hubiera molestado como una irritante posibilidad de intrusiones, dejó que su mano izquierda acariciara una y otra vez el terciopelo verde y se puso a leer los últimos capítulos. Su memoria retenía sin esfuerzo los nombres y las imágenes de los protagonistas; la ilusión novelesca lo ganó casi en seguida. Gozaba del placer casi perverso de irse desgajando línea a línea de lo que lo rodeaba, y sentir a la vez que su cabeza descansaba cómodamente en el terciopelo del alto respaldo, que los cigarrillos seguían al alcance de la mano, que más allá de los ventanales danzaba el aire del atardecer bajo los robles. Palabra a palabra, absorbido por la sórdida disyuntiva de los héroes, dejándose ir hacia las imágenes que se concertaban y adquirían color y movimiento, fue testigo del último encuentro en la cabaña del monte. Primero entraba la mujer, recelosa; ahora llegaba el amante, lastimada la cara por el chicotazo de una rama. Admirablemente restañaba ella la sangre con sus besos, pero él rechazaba las caricias, no había venido para repetir las ceremonias de una pasión secreta, protegida por un mundo de hojas secas y senderos furtivos. El puñal se entibiaba contra su pecho, y debajo latía la libertad agazapada. Un diálogo anhelante corría por las páginas como un arroyo de serpientes, y se sentía que todo estaba decidido desde siempre. Hasta esas caricias que enredaban el cuerpo del amante como queriendo retenerlo y disuadirlo, dibujaban abominablemente la figura de otro cuerpo que era necesario destruir. Nada había sido olvidado: coartadas, azares, posibles errores. A partir de esa hora cada instante tenía su empleo minuciosamente atribuido. El doble repaso despiadado se interrumpía apenas para que una mano acariciara una mejilla. Empezaba a anochecer. 
     
    Sin mirarse ya, atados rígidamente a la tarea que los esperaba, se separaron en la puerta de la cabaña. Ella debía seguir por la senda que iba al norte. Desde la senda opuesta él se volvió un instante para verla correr con el pelo suelto. Corrió a su vez, parapetándose en los árboles y los setos, hasta distinguir en la bruma malva del crepúsculo la alameda que llevaba a la casa. Los perros no debían ladrar, y no ladraron. El mayordomo no estaría a esa hora, y no estaba. Subió los tres peldaños del porche y entró. Desde la sangre galopando en sus oídos le llegaban las palabras de la mujer: primero una sala azul, después una galería, una escalera alfombrada. En lo alto, dos puertas. Nadie en la primera habitación, nadie en la segunda. La puerta del salón, y entonces el puñal en la mano, la luz de los ventanales, el alto respaldo de un sillón de terciopelo verde, la cabeza del hombre en el sillón leyendo una novela


  
    Continuidade dos Parques - Julio Cortazar
   
    Havia começado a ler a novela uns dias antes. Abandonou-a por negócios urgentes, voltou a abri-la quando regressava de trem ao campo; se deixava interessar lentamente pela trama, pelo desenho dos personagens. Essa tarde, depois de escrever uma carta ao seu procurador e discutir com o caseiro uma questão de parceria, voltou ao livro na tranquilidade do estúdio que dava para o bosque dos carvalhos. Acomodado em sua poltona favorita, de costas para a porta, que o havia incomodado com uma irritante possibilidade de intrusões, deixou que sua mão esquerda acariciasse uma ou outra vez o veludo verde e se pôs a ler os últimos capítulos. Sua memória retinha sem esforço os nomes e as imagens dos protagonistas; a ilusão novelesca o ganhou quase em seguida. Gozava do prazer quase perverso de ir se desgarrando linha a linha do que o rodeava, e sentir a cada vez que sua cabeça descançava comodamente no veludo do alto encosto, que os cigarros seguiam ao alcance das mãos, que mais além das vidraças dançava o ar do entardecer sob os carvalhos. Palavra por palavra, absorvido pela sórdida disjuntiva dos heróis, deixando-se ir até às imagens que se concertavam e adquiriam cor e movimento, foi testemunho do último encontro na cabana do monte. Primeiro entrava a mulher, receiosa; agora chegava o amante, com a cara marcada pelo chicotear de um ramo. Admiravelmente estancava ela o sangue com seus beijos, mas ele rechaçava as carícias, não havia vindo para repetir as cerimônias de uma paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O punhal se aquecia contra seu peito, e debaixo latejava a liberdade velada. Um diálogo anelante corria pelas páginas como um arroio de serpentes, e se sentia que tudo estava decidido desde sempre. Mesmo essas carícias que enredavam o corpo do amante como querendo retê-lo e dissuadi-lo, desenhavam abominavelmente a figura do outro corpo que era necessário destruir. Nada havia sido esquecido: desculpas, azares, possíveis erros. A partir dessa hora cada instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O duplo repasso impiedoso se interrompia apenas para que uma mão acariciasse uma bochecha. Começava a anoitecer.

    Sem mirar-se já, atados rigidamente na tarefa que os esperava, se separaram na porta da cabana. Ela devia seguir pela senda que ia ao norte. Da senda oposta ele se voltou um instante para vê-la correr com o pêlo solto. Correu por sua vez, refugiando-se nas árvores e moitas, até distinguir  na bruma malva do crepúsculo a alameda que levava até a casa. Os cães não deviam latir, e não latiram. O caseiro não estaria a essa hora, e não estava. Subiu os três degraus do pórtico e entrou. Do sangue galopando em seus ouvidos lhe chegavam as palavras da mulher: primeiro uma sala azul, depois uma galeria, uma escada tapetada. Do alto, duas portas. Ninguém na primeira habitação, ninguém na segunda. A porta do salão, e então o punhal em mão, a luz das vidraças, o alto encosto de uma poltrona de veludo verde, a cabeça do homem na poltrona lendo uma novela.

                                                                   Fim

segunda-feira, junho 13, 2016

Drama


Os corpos são vários
Os cortes são fundos
E o pranto escorre quente
das pupilas que dilatam
Na boca que deleta

Corações implodidos
carneados em mágoas
Temperadas no orvalho
que cai com as palavras

E nutre
E brota podre
Viceja mais um amarelo
Na espera de alçar
O vôo que liberta

O verbo largado para cima
inefável descrição alada
no chão os pés e as mãos
Em coro os maus presságios
ecoam no ar hálitos de fome
no fim nem um aplauso.

terça-feira, abril 12, 2016

Parábolas


Vista-te um rosto
não há bravura sem loucura.
Abra-te libidinoso
aos lábios de beijos entumescidos.
Estranhas paisagens
montes e matas
carnes e pêlos.
Há perigos e o medo
que aponta pequeno
do canto escuro já monta
no que se desfaz.

Explore este universo
que por completa indeterminação
sofre em sua falta de fronteiras.
Caminhe por seus vales e picos
e saiba comer dos frutos
e beber daquelas águas.
Penetre suas grotas e
preencha seus vazios.
Só não adentre tal
a ponto de perder tua unidade
ou serás assimilidado
em uma lenta e dolorosa
digestão.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Alter


O outro que me define
é mais fácil compreender
do que eu a mim mesmo,
ao entendê-lo melhor traço mais claro o rascunho
pelo qual, em oposição, aplico-me.
Quanto maior a compreensão,
mais firme a minha convicção do contrário.

terça-feira, janeiro 12, 2016

Teócrito - Idílio VI - Dáfnis e Dametas


Teócrito dedica o poema a Aratos, personagem que aparece no Idílio VII. A cena se passa ao meio-dia de verão, em uma fonte de água fresca nas pastagens. Os personagens Dáfnis e Damoetas se encontram nesse ponto e partem para uma disputa amigável de canções bucólicas. Cada personagem canta uma canção separada por verso de transição (v 20). Após uma breve introdução (v 1-5), Dáfnis canta para Polifemo como a Ninfa Galatéia está fazendo de tudo para atrair a atenção e o amor do ciclope mas ele parece não se dar conta (v 6 – 19). Damoetas, por sua vez, personifica Polifemo e declara na canção que ele vê sim o que a Ninfa está fazendo e que a sua indiferença é consciente, já que seria uma maneira dele assegurar esse amor (v 21 – 40). Uma breve narrativa anuncia que a disputa chegou ao fim sem vencedor, mas em perfeita harmonia (v 41- 46). A menção a uma previsão odiosa de um adivinho chamado Télemo no verso 23 é possivelmente uma curiosa referência ao futuro cegamento que ocorrerá ao ciclope no que é narrado por Homero na Odisséia. 


Idílio VI

ΘΕΟΚΡΙΤΟΥ ΒΟΥΚΟΛΙΑΣΤΑΙ
ΔΑΜΟΙΤΑΣ ΚΑΙ ΔΑΦΝΙΣ

Δαμοίτας καὶ Δάφνις ὁ βουκόλος εἰς ἕνα χῶρον                                            
τὰν ἀγέλαν ποκ’, Ἄρατε, συνάγαγον· ἦς δ’ ὃ μὲν αὐτῶν
πυρρός, ὃ δ’ ἡμιγένειος· ἐπὶ κράναν δέ τιν’ ἄμφω
ἑσδόμενοι θέρεος μέσῳ ἄματι τοιάδ’ ἄειδον.
πρᾶτος δ’ ἄρξατο Δάφνις, ἐπεὶ καὶ πρᾶτος ἔρισδεν.                                       5

ΔΑΦΝΙΣ
βάλλει τοι, Πολύφαμε, τὸ ποίμνιον ἁ Γαλάτεια
μάλοισιν, δυσέρωτα καὶ αἰπόλον ἄνδρα καλεῦσα·
καὶ τύ νιν οὐ ποθόρησθα, τάλαν τάλαν, ἀλλὰ κάθησαι
ἁδέα συρίσδων. πάλιν ἅδ’, ἴδε, τὰν κύνα βάλλει,
ἅ τοι τᾶν ὀίων ἕπεται σκοπός· ἃ δὲ βαΰσδει                                                   10       
εἰς ἅλα δερκομένα, τὰ δέ νιν καλὰ κύματα φαίνει
ἅσυχα καχλάζοντος ἐπ’ αἰγιαλοῖο θέοισαν.
φράζεο μὴ τᾶς παιδὸς ἐπὶ κνάμαισιν ὀρούσῃ
ἐξ ἁλὸς ἐρχομένας, κατὰ δὲ χρόα καλὸν ἀμύξῃ.
ἃ δὲ καὶ αὐτόθε τοι διαθρύπτεται· ὡς ἀπ’ ἀκάνθας                                         15
ταὶ καπυραὶ χαῖται, τὸ καλὸν θέρος ἁνίκα φρύγει,
καὶ φεύγει φιλέοντα καὶ οὐ φιλέοντα διώκει,
καὶ τὸν ἀπὸ γραμμᾶς κινεῖ λίθον· ἦ γὰρ ἔρωτι
πολλάκις, ὦ Πολύφαμε, τὰ μὴ καλὰ καλὰ πέφανται.

Τῷ δ’ ἐπὶ Δαμοίτας ἀνεβάλλετο καὶ τάδ’ ἄειδεν.                                            20

ΔΑΜΟΙΤΑΣ
εἶδον, ναὶ τὸν Πᾶνα, τὸ ποίμνιον ἁνίκ’ ἔβαλλε,
κοὔ μ’ ἔλαθ’, οὐ τὸν ἐμὸν τὸν ἕνα γλυκύν, ᾧ ποθορῷμι
ἐς τέλος (αὐτὰρ ὁ μάντις ὁ Τήλεμος ἔχθρ’ ἀγορεύων
ἐχθρὰ φέροι ποτὶ οἶκον, ὅπως τεκέεσσι φυλάσσοι)·
ἀλλὰ καὶ αὐτὸς ἐγὼ κνίζων πάλιν οὐ ποθόρημι,                                             25
ἀλλ’ ἄλλαν τινὰ φαμὶ γυναῖκ’ ἔχεν· ἃ δ’ ἀίοισα
ζαλοῖ μ’, ὦ Παιάν, καὶ τάκεται, ἐκ δὲ θαλάσσας
οἰστρεῖ παπταίνοισα ποτ’ ἄντρα τε καὶ ποτὶ ποίμνας.
σίξα δ’ ὑλακτεῖν νιν καὶ τᾷ κυνί· καὶ γὰρ ὅκ’ ἤρων,
αὐτᾶς ἐκνυζεῖτο ποτ’ ἰσχία ῥύγχος ἔχοισα                                                       30
ταῦτα δ’ ἴσως ἐσορεῦσα ποεῦντά με πολλάκι πεμψεῖ
ἄγγελον. αὐτὰρ ἐγὼ κλᾳξῶ θύρας, ἔστε κ’ ὀμόσσῃ
αὐτά μοι στορεσεῖν καλὰ δέμνια τᾶσδ’ ἐπὶ νάσω·
καὶ γάρ θην οὐδ’ εἶδος ἔχω κακὸν ὥς με λέγοντι.
ἦ γὰρ πρᾶν ἐς πόντον ἐσέβλεπον, ἦς δὲ γαλάνα,                                             35
καὶ καλὰ μὲν τὰ γένεια, καλὰ δέ μευ ἁ μία κώρα,
ὡς παρ’ ἐμὶν κέκριται, κατεφαίνετο, τῶν δέ τ’ ὀδόντων
λευκοτέραν αὐγὰν Παρίας ὑπέφαινε λίθοιο.
ὡς μὴ βασκανθῶ δέ, τρὶς εἰς ἐμὸν ἔπτυσα κόλπον·
ταῦτα γὰρ ἁ γραία με Κοτυτταρὶς ἐξεδίδαξε                                                    40
[ἃ πρᾶν ἀμάντεσσι παρ’ Ἱπποκίωνι ποταύλει].
Τόσσ’ εἰπὼν τὸν Δάφνιν ὁ Δαμοίτας ἐφίλησε·
χὢ μὲν τῷ σύριγγ’, ὃ δὲ τῷ καλὸν αὐλὸν ἔδωκεν.
αὔλει Δαμοίτας, σύρισδε δὲ Δάφνις ὁ βούτας·
ὠρχεῦντ’ ἐν μαλακᾷ ταὶ πόρτιες αὐτίκα ποίᾳ.                                                 45
νίκη μὲν οὐδάλλος, ἀνήσσατοι δ’ ἐγένοντο



Tradução Idílio - VI
Os Bucoliastas Dáfnis e Dametas

Dametas e Dáfnis, o bucólico, para uma mesma terra
o rebanho certa vez, ó Arato, juntos conduziram. Era um deles
afogueado e o outro de barba rala, junto a fonte ambos
sentados ao meio dia de verão, eles cantavam.
Primeiro começou Dáfnis, uma vez que primeiro desafiou:                            05

"Lança para o teu rebanho, ó Polifemo, Galatéia
as maçãs, chamando-te de cabreiro desamado.
E tu agora nem olhas para ela, pobre pobre, e continuas assim,
doce na siringe, e ela em resposta, vê só, joga para a cachorra também,
a que te segue como uma vigia das ovelhas, e ela então late                        10
encarando o mar e a ela as belas ondas refletem,
calmas e ressoantes, enquanto corre pela beira do mar.
Cuide para que ela não se lance sobre as canelas da moça
que emerge marítima, para que não lhe arranhe a bela pele.
E de lá também ela te provoca, como do cardo                                             15
a seca folhagem, quando o verão abrasa tal beleza.
E foge quando ele a ama, e o persegue quando ele não a ama.
E a partir da linha move a pedra°. Pois de fato com o Eros,
muitas vezes, ó Polifemo, as não belas, belas se revelam”

Depois disso, Dametas também lançou-se a cantar:                                      20

“Vi sim, por Pã, quando acertou o rebanho,
não me escapou, não ao meu único e doce olho, e que com ele eu olhe
até o fim, e que o adivinho Télemo, que prediz coisas odiosas,
leve essas odiosas para casa e asssim guarde-as para seus filhos.
E eu também provocando-a de volta não olho,                                          25
e alguma outra mulher digo ter, e ela ouvindo-me,
tem ciúme, ó Pã, e se desfaz, e saindo do mar
se enfurece e fica olhando para os antros e os rebanhos.
Eu também estumei a cachorra a latir para ela, pois quando a amava
ela chorava trazendo o focinho para junto do quadril.                                    30
Talvez, me vendo fazer estas coisas, ela enviará
um mensageiro, Eu então fecharei as portas até que ela jure
para mim que vai estender os belos leitos sobre essa ilha,
pois nem mesmo tenho uma forma feia, como falam de mim,
e ontem mesmo, olhava para o mar e havia uma calma,                                  35
e bela a barba e bela a minha única pupila,
como por mim era julgada e ele refletia o brilho de meus dentes,
mais branco do que o que aparecia na pedra de Paros.
E para que não seja invejado, cuspi três vezes contra o meu peito
Pois essas coisas, a velha Cotitáris me ensinou”                                             40
...........................................................................
Estas dizendo, Dametas ao Dáfnis beijou,
ele dá a este uma siringe, este dá a aquele, um aulo,
logo dançavam na relva macia os jovens garrotes,                                          45
vitória de nenhum, invictos tornaram-se.




° Provérbio retirado de um jogo de tabuleiro (πεσσεια), no qual o tabuleiro é marcado com 5 linhas e o movimento de um marcador fora da linha sagrada era marca de desespero e quase derrota.

O Noite



O que nos cobre
em seu manto de viúva
e nos aquece o peito
com os vinhos da ilusão

O seco na boca
que aperta na guela
e traga da escuridão

a cada lua nascida
as portas batidas
e os ecos
da separação

Saem à rua
perdidos no rumo
pardos e sem perdão