quarta-feira, outubro 26, 2011

Medéia - Eurípedes - Fala do Coro - 824 a 865

Um dos poemas do coro que traduzi para a cena de Medéia. Situado um pouco antes do auge na peça, antecipa alguns elementos, instiga o público a compor junto ao texto e é um belo exemplo de como algumas sentenças ecoam nos versos anteriores e posteriores, algo que com uma pontuação marcada fica perdido. Começa com um elogio (crítico?) a Atenas. Referência um pouco estranha a afrodite. Antecipação da cena do massacre e um trato muito bonito da condição de Medéia.



XO 824 – 865

Aos atenienses as antigas bênçãos
Crianças dos santos deuses Sagrado
chão inviolado Pelo qual são nutridas
com a ilustre razão Sempre caminhando
delicadamente  Através do mais brilhante céu
Lá onde dizem que puras As nove Musas
fizeram brotar a loura Harmonia



A bela corrente que escorre pelo rio
Celebram Afrodite ter produzido
Os ventos da Terra ela sopra na medida
Brisas de hálito doce Sempre lançando
nos cabelos o aroma das rosas A guirlanda florida
A enviar junto com a razão os amores
Sinergia de toda virtude


Como então a cidade
dos rios santos ou a terra
dos deuses vai te abrigar
de retorno a infanticida?
Uma maldita entre os cidadãos
Imagine os golpes nas crianças
Imagine a chacina construída
Aos seus pés
Todos por tudo imploramos
Não chacine as crianças


De onde a coragem no peito
para pegar na mão
dos filhos teus e de coração
trazer terrores Resoluta
Como lançar enxutos
os olhos nos filhos
portando este destino danoso
Das crianças caídas Implorando
A mão manchada de sangue
Algo insuportável no íntimo